Diário de bordo

Sou um escritor iniciante, cuja a maior paixão é mexer com a imaginação e as emoções das pessoas. Como um eterno viajante, passo a vida navegando por mundos imaginários e vivendo aventuras sem fim. Criei esse blog inspirado em alguns escritores profissionais que relatam seu dia a dia, suas dificuldades e experiências em criar universos fantasticos. Acompanhe-me nessa viagem, mas tenha cuidado; Uma vez que se deixe levar pela fantasia, não há mais volta.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Sonho Inspirador

São raras as oportunidades em que isso efetivamente acontece comigo e por isso achei importante registrar. Apesar de uma noite relativamente mal dormida, no inicio da manhã consegui ter um sonho daqueles que fazem você acordar de bom humor e cheio de vontade de escrever.

Na verdade acho que foi uma mistura deles, mas em conjunto formaram algo realmente interessante. Lembro me da capacidade de poder voar e controlar esse vôo. Lembro também de estar em um mundo (na verdade uma rua) toda coberta de neve e abarrotada de pessoas em seus casacos de lã. Tinha certeza que era um mundo diferente do nosso e de que não queria ir embora de lá (afinal, lá eu conseguia voar não é).

Quando sai desse lugar, lembro me de ter aparecer em uma grande sala decorada com móveis antigos. Eu queria muito voltar para aquele lugar mas não sabia como. Um velho ali me dizia que bastava eu fechar meus olhos e me concentrar que seria então transportado de volta. Eu tentei por alguns minutos mas era incapaz de fazer o que ele dizia. Me senti frustrado e com raiva e ele me acalmou e mandou que tentasse de novo.

Eu tentei, e de repente (como nos sonhos) estava de volta a tal rua. Na minha mente eu tinha certeza que deveria me movimentar com cuidado para não quebrar aquela ilusão e sair de lá. Eu percebi que era um sonho e como tal achei melhor resolver os assuntos pendentes antes de partir de lá para sempre. Abracei algumas pessoas que sabia serem importantes e que me agradeceram pela ajuda. Não era pessoas reais, mas ainda sim me senti muito a vontade com elas. Então, me despedi e acordei com aquela sensação de ter completado algo e de não ter deixado nada para trás.

É claro que nesse processo todo, muitos dos detalhes dessa história sem muito pé nem cabeça (talvez detalhes que dessem sentido a ela) se perderam, mas ainda sim me deram energia e idéias para escrever algo hoje. Não é todo dia que algo especial assim acontece e achei que seria bom fazer um registro disso aqui.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Personagens Alheios

Algumas pessoas dizem que a tarefa de criar personagens para uma história é uma das partes mais desafiadoras do oficio de escrever. Eu não poderia concordar mais, já que é realmente dificil transformar um amontoado de palavras em uma pessoa verossímil que você acreditaria poder conhecer ao dobrar a esquina.

No entanto, apesar de criar muitos personagens, tenho de admitir que nem todos eles saem das profundezas da minha imaginação. Muitos deles tem caracteristicas inspiradas em pessoas reais, seja na aparência, seja no modo de agir ou falar. Só para citar alguns de meu livro: Colleen (inspirada na minha amada), Arkânis, Gregório, Jonathan, Marcos...todos eles foram inspirados em pessoas reais.

Existem alguns casos também onde utilizo personagens criados por outras pessoas (com a devida autorização é claro), porém em um contexto diferente. Para explicar essa história vale lembrar que durante um ano eu joguei Neverwinter Nights em um servidor de interpretação. Esse periodo além de ser uma forma ótima de aliviar o stress noturno, serviu como laboratório (semelhante ao que fazem certos atores) para o personagem do meu livro atual. Durante esse periodo, esse personagem conheceu outros personagens interpretados por outras pessoas e com eles se relacionou (para bem ou para o mal) o que acabou por moldar sua personalidade.

Ontem mesmo estava escrevendo uma cena e me lembrei de um desses personagens. (no caso este era controlado pelo mestre). Mandei uma mensagem via MSN para ele perguntando o nome desse personagem. O que eu até entáo não sabia é que esse personagem havia sido criado por esse mestre e não que fazia parte do módulo em si.

Ele ficou feliz e me autorizou de bom grado a usar este e outros personagens de sua autoria em minhas histórias. É claro que esses personagens entrarão em um contexto diferente, terão suas histórias modificadas, mas eu sempre respeito a forma como eles agem e como eram interpretados.

Para mim, usar um personagem alheio, respeitando criador e criatura é também uma forma de homenagear quem o criou.

Só não esperem ver um menino inglês de cabelos negros e óculos redondos chamado Harry Potter em meus livros. Isso é plágio e algo bem diferente. Eu nunca uso personagens da literatura (seja de autores vivos ou mortos), pois esses personagens já possuem seu próprio universo e não faz o menor sentido arranca-los de lá.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Uma luz lá no fim do túnel

Hoje recebi um e-mail de uma editora interessada em avaliar meu original. Eu respondi um questionário imenso deles a pouco mais de quinze dias (perguntam de tudo, desde coisas referentes ao livro até motivações pessoais)
Ok, isso não é motivo para empolgação ou euforia, mas só o fato deles quererem dar uma olhada para mim já é uma vitória. Vamos esperar os próximos longos e tortuosos meses de espera e ver no que isso vai dar.

sábado, dezembro 17, 2005

A Maldição do Ddones

Não consigo imaginar um nome melhor para essa verdadeira praga virtual que tem se espalhado por toda a Internet.

Para aqueles que ainda não tiveram a infelicidade de se deparar com isso (e acho que são poucos) o chamado Ddones é uma "linguagem" de Internet que visa facilitar a comunicação entre as pessoas abreviando palavras e trocando letras produzindo um verdadeiro caos gramatical.

Se já não bastasse ver isso nas comunidades do Orkut e nas salas de chat, hoje descobri um individuo que esta fazendo isso com Machado de Assis. Ele criou um blog e esta "traduzindo" Memórias Póstumas de Brás Cubas para essa linguagem. A justificativa estão as nas palavras do próprio tradutor:

Nguem hj em dia tem sako d ler esse portugues inteiro. As psoas abreviam, vaum direto ao pt. Jah fzem isso no Telecine, em legendas d filme. Eu soh vou inaugurar ste segmento na literatura. Jah fiz o maxado e tenho aki p/ mostrar pros interessados. Stou procurando uma editora p/ m bancar. Dah p ganhar dinheiro com isso, kero vender livros em ddones

Espero sinceramente que esse tipo de coisa não vire realidade. Dizer que ninguém tem saco de ler "esse português inteiro" é nivelar por baixo e estimular as pessoas (especialmente as crianças) a escrever errado.

Esta certo que a proposta desse Blog não é política, mas como escritor precisava expressar meu descontentamento em ver algo desse estilo. Sinceramente, se alguma editora publicar algo nesse estilo a minha vontade é quebrar minha pena, rasgar meus textos e ir me embora pra Passargada, porque com certeza será o inicio do fim do mundo.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Por que quis ser escritor? - Parte II

Voltando para dar explicações sobre a última postagem. Eu realmente não me lembro quando comecei a escrever ou qual foi meu primeiro texto. Desde criança, escrever para mim foi uma espécie de fuga, uma forma de extravasar meus sentimentos e de me expressar. Já escrevi muita poesia (nas minhas épocas deprê), mas hoje só escrevo contos e histórias.

Mas quanto a explicação? bom, tudo começou em uma noite fria no Paraná, lá pelos idos de 1999. Nessa época eu ja escrevia contos e rascunhava as primeiras anotações de um livro (que ainda esta parado e pretendo retomar um dia). Em Julho daquele ano eu viajei para um sitio em União da Vitória com meus amigos internautas, um grupo que apesar das inumeras mudanças se mantém até hoje, uma familia virtual chamada Turmaluka (ou TM para os intimos).

Durante essa viagem alguém inventou de fazer um show de talentos, onde todos teriam o resto da tarde para improvisar algo para a noite que se aproximava. Aquilo pegou todos de surpresa, especialmente a mim que nunca fui muito talentoso para o showbiz. Depois de considerar um pouco resolvi "ler" de cabeça um conto que havia escrito a alguns anos chamado "Perdido no Tempo". Peguei ainda um CD de trilha sonora para dar um clima e com a cara e a coragem fui para a frente de meus amigos.

Ah de se entender um pouquinho de como esse show de talentos estava funcionando. Essencialmente alguém ia até o palco improvisado e fazia sua apresentação. Em seguida era ovacionado com uma enorme salva de palmas e uma algazarra se instalava até que alguém conseguisse controlar a bagunça para dar lugar ao próximo. Isso aconteceu em todas as apresentações, até a minha vez.

Comecei a ler o conto embalado pela música, um conto bastante auto-biográfico (um dia posto ele aqui) e que por assim dizer não tem o que se chama convencionalmente de final feliz. Ao encerrar a leitura, eu esperava pela algazarra, mas tudo o que obtive foi um silêncio perturbador. Ninguém aplaudiu, ninguém gritou, todos ficaram ali, parados olhando para mim.

Comecei a olhar nos olhos das pessoas e consegui ver olhares de reflexão, olhares perdidos e alguns aparentemente emocionados. Naquele momento eu percebi o quanto as horas de dedicação a uma história valiam a pena, pois, de alguma forma parecia que eu havia tocado aquelas pessoas. Elas ficaram lá, pensando e estou certo que mexi com sua imaginação, imprimi um marca que ficou lá além do momento do conto.

Longe de mim querer parecer egocêntrico ou prepotente, mas ver aquilo nos olhos das pessoas me fez querer causar esse sentimento nelas pelo resto da vida. É fato que nem sempre o que eu escrever irá causar esse tipo de coisa (e é claro que não estarei lá para ver isso), mas se minhas histórias conseguirem criar uma memória, despertar uma idéia que seja, sentirei-me pessoalmente realizado.

Lembro-me de um rapaz na minha comunidade de Duna no Orkut, que disse certa vez ter escrito nas paredes de seu quarto algumas falas de seu personagem favorito. Ele dizia que aquelas frases o inspiravam e que por isso havia colocado elas lá. Espero um dia tocar uma pessoa assim.

Mas bem, chega de papo furado, o caminho é longo e tortuoso e exige muito trabalho. Continuarei fazendo aquilo que mais gosto que é escrever e deixo que o futuro escolha o que fazer com isso

domingo, dezembro 11, 2005

Somos um país de escritores

A frase acima poderia ser esperada quando falando de algum país europeu como Finlândia ou qualquer lugar com um acesso culturam amplo.
Mas na verdade, o Brasil é sim um grande celeiro de escritores, mas aquilo que me preocupa é: teremos leitores para tudo isso?

O Orkut foi uma grande ferramenta para essa percepção. A quatro anos, quando comecei a escrever meu livro, me sentia realmente especial e diferente, ja que na minha cabeça sair escrevendo um livro não era algo que qualquer um se disporia a fazer.

Hoje parece existirem autores saindo pelo ladrão. Não que isso pretenda desmerecer o trabalho de ninguém, pois acho que eu sobretudo entendo essa necessidade de se expressar de alguma forma.

Agora vem meu maior medo: O que fazer para ser diferente nesse oceano de idéias? Como se destacar entre tantos e não apenas engrossar a massa de pessoas com muitas idéias e poucas oportunidades.

Não digo que seja raro ver alguém lendo no metrô ou ônibus, mas reparem, os livros são quase sempre os mesmos. O que sempre vejo são livros no melhor estilo Zibia Gaspareto, literatura nacional clássica (o famoso livrinho de vestibular) e os imperdiveis Código Da Vinci e Harry Potter.

Me pergunto...aonde estão os livros de fantasia que vejo nas prateleiras das livrarias? será que eles permanecem lá para sempre ou será que o leitor médio dessas obras as reserva para ler no conforto do seu lar?

Eu ja entrei na roleta russa das editoras e agora não existe caminho de volta. Como bom Geminiano que sou, tenho o péssimo hábito de achar que aquilo que escrevo não é bom o bastante. Resta esperar os seis meses de prazo pedidos para uma resposta.

Se der com os burros n´água o jeito é arregaçar as mangas e esvasiar os bolsos e partir para uma campanha solo. O autor de Eriandon conseguiu esse feito (ok, foi nos EUA, a terra do consumismo), mas hey, não me culpem por tentar. Só estou tentando cumprir meu papel aqui na terra de acordo com aquele velho ditado:

"Todo homem deve realizar três coisas em sua vida: Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro"

Já fiz duas em três (a árvore, e não o filho) e só gostaria que algumas pessoas tivessem paciência de ler a terceira.

sábado, dezembro 10, 2005

Por que quis ser escritor?

Por que alguém, com perfeito controle de suas faculdades mentais, desejaria ser um escritor?

Vejam bem, ser escritor é um trabalho essencialmente solitário (não espero ter milhares de tietes enlouquecidas gritando meu nome na rua), poucas pessoas reconhecem seu talento, o mercado editorial é cruel e muitas vezes frustrante, dificilmente você conseguirá sobreviver apenas como escritor (Jo Rowling e Paulo Coelho são as exceções e não as regras) e nunca você será capaz de ver ou sentir a emoção que por ventura tenha causado no seu leitor.

Escrever um livro é uma atividade frustrante (nada pior que um pedaço de papel em branco), consome muito tempo (meses, anos ou toda uma vida) e com certeza tira minha concentração e tarefas rotineiras (já que raramente consigo passar um dia inteiro sem pensar em alguma coisa para escrever).

Escritores também tem o péssimo hábito de ficarem famosos só depois de mortos, deixando para seus decendentes o dinheiro e a fama que não puderam usufruir.

Ok este deve estar parecedo um papo de louco de alguém que afirma ser apaixonado por escrever. Mas fique tranquilo, pois a explicação para tudo isso virá no próximo post

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Meu Primeiro Livro...

Se pretendo narrar aqui alguma experiência como escritor, porque não começar falando do meu primeiro livro. Ele se chama Pelo Sangue e Pela Fé e consumiu quatro anos de madrugadas sem sono para acontecer.

O maior desafio para mim não foi criar a história em si (curiosidade, a primeira cena desse livro que me veio a mente foi justamente...a última) mas sim criar o mundo aonde ela acontece. É verdade que venho "vivendo" nesse mundo fantástico por quase dez anos, mas eu nunca havia parado efetivamente para escrever sobre ele.

As idéias podem ser bastante inoportunas as vezes, surgindo nos momentos mais improváveis. Algumas surgiram em um dia abafado em Florianópolis quando deitei em um colchão para relaxar por alguns minutos; outra surgiu dentro de um ônibus voltando do trabalho (outra hora conto essa história), e as melhores costumam me acometer as 03:00 a.m em dias de semana, quando inevitavelmente tenho de levantar da cama e tomar notas caso queria dormir de novo.

Pretendo nos próximos posts falar um pouco do meu livro, descrever alguns personagens e falar também do livro novo que estou trabalhando agora e que ainda é um monte de idéias com pouco nexo.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Obsessão pelo Mar

Vocês devem ter notado os temas náuticos recorrentes aqui. Acho que uma boa forma de começar esse blog é explicar de onde surgiu essa paíxão por navios de madeira.

Quando eu era criança (lá pelos meus oito anos) meu pai começou a construir modelos em escala desses navios. Eu adorava ficar horas e horas ao lado da bancada observando-o construir cada uma das peças: do casco ás velas.

Na época eu já adorava as histórias de capa e espada. Meu brinquedo favorito era uma espada de madeira feita pelo meu pai, e com ela eu enfrentei os primeiros inimigos que povoavam minha imaginação.

As paredes da sala de estar da minha casa eram recheadas com esses navios (poucos ainda restam hoje em dia), e foi por causa deles que comecei a ler e pesquisar mais sobre essa época (meu pai tinha vários livros, sendo que alguns de seus navios ele fez apenas olhando as gravuras)

Dez anos se passaram até que eu comecasse a criar (e efetivamente por no papel) o que se tornaria o reino de Aldarian, um imponente reino que possuia uma formidável força naval. É nesse reino aonde mistura-se a fantasia medieval com a paixão pelos navios de madeira que minhas histórias acontecem.