O Pai Rico que Mexeu no Queijo do Monge Executivo Pobre
Estava perguntando para um colega, em tom de brincadeira, se todo o bacharel em direito precisa escrever um Curso de Código Civil para poder se fazer advogado? A razão da minha pergunta foi a quantidade imensa de títulos com o mesmo nome e propósito na sessão de livros jurídicos. Logo percebi que o mesmo principio se aplicava a parte de administração e auto ajuda, com dezenas de títulos com o mesmo propósito: Fazê-lo uma pessoa rica e feliz.
Fico impressionado com a criatividade que os escritores agora usam (tendo em vista a grande quantidade de mais do mesmo) para tentar atrair sua atenção para esse tipo de livro. Ai se vê absurdos como "O que aconteceira se Harry Potter fosse presidente da General Eletric" ou "Casais Felizes Enriquecem Juntos" ou as infinitas misturas de monges, executivos, Jesus e toda sorte de elementos cabalisticos ou populares que esses escritores usam para fazer seu tratado sobre a felicidade humana único e especial.
Até mesmo o milenar "Arte da Guerra", tratado de estratégia militar usado pelo General chinês Sun Tzu para vencer batalhas por volta de 500 A.C foi corrompido. Usado no inicio por alguns executivos que viam em suas lições algo á aplicar no mundo dos negócios, o livro ja conta com uma infinidade de variações, interpretações e adaptações para todo tipo de gente e gostos e até mesmo com uma subsessão exclusiva (dentro de administração) só para ele.
Enquanto vejo uma infinidade de livros desse tipo pulando das prateleiras, outros tantos clássicos se apertam nas prateleiras e gavetas esperando que uma boa alma os leve para casa. É claro que existem livros de literatura em lugares de destaque, mas esses são sempre aqueles "mais vendidos" e que nem sempre saem muito do lugar comum. Um cliente me confessou certa vez que leu "Marley e Eu" (a história de uma mulher e seu cachorro) e que achou o livro insosso e sem novidades, o que não o impediu dele estar entre os dez mais vendidos. Outro também fez criticas semelhantes ao famoso "Empinador de Pipas" mas isso não impede que se venda mais do que pão quente numa tarde de domingo.
Confesso que nunca li nenhum desses livros e que talvez meu julgamento seja precipitado, mas porque não vemos mais autores brasileiros em destaque? Onde esta o leitor que lê um livro porque este o atraiu por sua capa ou orelha e não porque ele figurou entre os dez mais da Veja?
Livro é um bem caro e pouco acessivel e são raras as editoras que se arriscam com um autor iniciante. Talvez esse seja apenas um desabafo de um escritor apavorado com a possibilidade de ter seu livro trocado na boca do caixa por um outro, semelhante em conteudo ou idéia, mas com a vantagem de ter vindo de algum lugar fora das fronteiras do Brasil.