Diário de bordo

Sou um escritor iniciante, cuja a maior paixão é mexer com a imaginação e as emoções das pessoas. Como um eterno viajante, passo a vida navegando por mundos imaginários e vivendo aventuras sem fim. Criei esse blog inspirado em alguns escritores profissionais que relatam seu dia a dia, suas dificuldades e experiências em criar universos fantasticos. Acompanhe-me nessa viagem, mas tenha cuidado; Uma vez que se deixe levar pela fantasia, não há mais volta.

segunda-feira, maio 29, 2006

Inspirações Arquitetônicas

Uma coisa que sempre me chamou a atenção foram as grandes obras humanas. Feitas mais do que simplesmente para abrigar alguma coisa, muitas dessas construções são também peças de arte que se erguem do solo.

Eu sempre gostei muito de castelos (pude visitar uns poucos quando estive em Portugal) e também as igrejas, especialmente as medievais.

Por conta desse gosto por essas estruturas, eu dedico especial atenção em meus trabalhos ao descrever construções. Eu chego inclusive a desenhar algumas plantas baixas para me ajudar na descrição do espaço. O fato é que muitas dessas acabam sendo inspiradas em construções reais.

Lembro-me de uma ocasião quando fui até a praça da Sé a trabalho. Eu estava pasando em frente a igreja e como nunca tinha entrado nela, resolvi dar uma espiada. Ela havia acabado de ser reformada e por ser meio de tarde estava bem vazia. Assim que entrei, fiquei maravilhado com aquilo ali e logo, palavras e frases começaram a surgir na minha cabeça. Imediatamente eu sentei em um dos bancos e com papel e caneta em mãos comecei a escrever e esboçar desenhos do que estava vendo. Fiquei por volta de meia hora ali sentado tomando notas, antes de ir embora. Essas noitas acabaram sendo importantes depois na criação do templo de Arkânis, presente em meu primeiro livro.

Houve outra ocasião, quando em viagem a Disney, eu estive no Animal Kingdom cujo simbolo é uma gigantesca árvore de fibra. Ao passar perto daquela árvore gigantesca, imediatamente tive uma idéia nova para o livro. Surgia a mãe das árvores, que teve papel importante no primeiro livro.

Eu poderia dedicar páginas inteiras há como diversos prédios inspiraram meu trabalho, mas acho que já deu para entender. A questão é que seja ao vivo, em livros ou mesmo pela televisão, essas construções humanas continuarão tendo papel importante no meu trabalho.

segunda-feira, maio 22, 2006

Cartas de Deus

Estava folheando o jornal hoje pela manhã, quando me deparei com uma reportagem interessante: o lançamento de um livro que contém uma série de cartas escritas por JRR Tolkien ao longo de sua vida.

Antes de dispararem criticas quanto ao titulo do tópico, me refiro a Deus uma vez que cada escritor é pelo bem e pelo mal, Deus dos mundos que cria. É o escritor quem ergue montanhas e afunda continentes e decide, em parte, o destino de seus personagens.

O que me chamou a atenção é a forma como Tolkien, muitos anos antes da geração Internet, ja discutia em suas cartas temas comuns nos dias de hoje, deixando registrado suas idéias, sentimentos e opiniões.

Acho fantástico a possibilidade de "subir no ombro de gigantes, para poder ver o mundo de forma mais ampla", ou seja, saber e conhecer que todo escritor tem de se dividir em dois papéis distintos, o de Deus e de ser humano mortal.

Certa vez li na internet um trecho da biografia de meu autor de cabeçeira e grande mestre inspirador (Frank Herbert) é é incrivel ver tudo o que ele passou antes de ter seu livro consagrado e de ser reconhecido. Parece que todo grande escritor passou por momentos complicados, o que talvez explique a sua necessidade de criar novos mundos para onde escapar algumas horas por dia.

O objetivo desse blog foi e sempre será o de registrar meus pensamentos, minhas idéias e meus percalços em busca do sonho de ter um livro publicado. Eu até poderia usa-lo para contar partes das minhas histórias ou descrever o mundo que criei, mas sinto que esse ainda não é o momento para isso.

Talvez os leitores achem entediante um escritor que se preocupa em falar de si mesmo, mas sinceramente não é isso que quero aqui. Não pretendo escrever uma auto biografia, mesmo porque considero isso o topo do narcisismo humano (salvo rarissimas execções). Mas quero sim deixar registradas algumas idéias e pensamentos e quem sabe usar isso para algo útil no futuro.

segunda-feira, maio 15, 2006

O que é Fantasia afinal???

Esse post surgiu inspirado em uma discussão muito interessante que tive no orkut, na comunidade sobre escritores de Fantasia.

É comum associarmos a Fantasia automaticamente a temática Medieval (tanto que essas duas palavras em geral vem juntas), mas após a discussão na comunidade, acabei por perceber que isso esta muito longe da verdade.

Eu nunca havia parado para pensar nisso, mas uma avaliação mais fria mostra que a fantasia pode variar de Senhor dos Anéis a Harry Potter.

Alguns argumentaram que uma história só pode ser chamada de fantástica caso se passe em um mundo totalmente imaginário, outros de que são os elementos da história que fazem isso.

Como o meu foco de escrita é a chamada fantasia medieval, eu costumo dividi-la em dois aspectos diferentes, que chamo de Alta e Baixa Fantasia.

A Alta Fantasia é, na minha opinião, aquelas histórias aonde não existem limites para o que é possivel. A magia é comum e corriqueira, fazendo com que magos de todos os tipos arremessem bolas de fogo a esmo com a facilidade com quem trocam de chapéu. Os deuses em suas armaduras sagradas vivem em guerras épicas e milenares, apresentando-se em corpo e alma para seus seguidores. A física é um detalhe a ser ignorado enquanto os heróis são tão virtuosos e corretos que parecem falsos até mesmo para um mundo nesse tipo.

Como vocês devem ter percebido, eu não sou um grande fã dessa "Alta fantasia". Eu acho ela cansativa, repetitiva e monótona. Por que raios os deuses nunca se entendem antes de sair por ai destruindo o universo? Qual a graça em acompanhar um herói que sempre vai se dar bem, enfrentando um vilão que é mal simplesmente "porque gosta de ser mal".

Eu busco centrar meu trabalho no que denomino Baixa Fantasia. A magia é sutil e rara, e quando posta em uso possui efeitos realmente devastadores. Os deuses pouco interferem na vida dos seres terrenos, sendo que quando o fazem, buscam ser discretos e sutis. As leis da física podem até ser ignoradas, mas não basta dizer que "isso é assim por que é mágica", esse tipo de argumento costuma não me convencer por completo.

Gosto de criar tramas políticas, de ter personagens com defeitos e vícios e de criar vilões que tem o seu ponto de vista e que pelo bem ou pelo mal tem suas razões para agirem da forma como o agem.

Sou favorável que haja espaço para todos os tipos de histórias, afinal existe todo o tipo de gosto. Mas se algum dia vocês tiverem a oportunidade de ler um de meus livros, já saibam que tipo de leitura podem esperar.

segunda-feira, maio 08, 2006

Um Bom Começo

É curioso como o trabalho de escritor é uma verdadeira montanha russa de acontecimentos.

Todos sabem que até mesmo os grandes escritores tem seus escritos de gaveta, textos nunca publicados seja porque o escritor não achou que eram bons o bastante, seja porque nenhum editor achou que eles valeriam a pena.

Vocês devem se lembrar há algumas semanas quando postei um tópico sobre a minha primeira crítica e como muitas vezes é dificil para o escritor aceitar que algo que ele faça e que goste não é aceito por alguém. Não existe unânimidade na literatura e essa é a primeira lição que todo o escritor iniciante deve aprender.

Porém ontem fiquei sabendo de algo que me deixou feliz, um conto que escrevi e que agradou, de modo geral, as pessoas que o leram. Como já havia comentado antes, eu estou participando de uma lista de discussão de jovens escritores que promove mensalmente um desafio sobre escrever sobre um tema.

Meu texto com o tema Dragões, foi o primeiro conto que submeti a Fábrica dos Sonhos e que para minha alegria foi muito bem recebido elogiado. Pois bem, ontem saiu o resultado do desafio de Março e meu texto sobre dragões foi escolhido pelos participantes da Fábrica como o melhor daquele mês.

Fiquei feliz é verdade, mas é sempre bom por o pé no chão. Os desafios continuam e pretendo participar de cada um deles. Se vierem louros, é bom pois vejo que meu trabalho tem algum reconhecimento. Se forem críticas, tanto melhor pois afinal eu estou lá para aprender e treinar e não para ser elogiado

segunda-feira, maio 01, 2006

Fantasia no Brasil

Estava outro dia pensando sobre como os autores de fantasia no Brasil as vezes são criticados. Muitas vezes vemos puristas nacionalistas nos dizendo que deveriamos escrever usando o nosso folclore como pano de fundo e não as mitologias "importadas" de outros países.

Eis que pergunto: Por que esse medo daquilo que vem de fora? Por que nos fecharmos em nossa própria xenofobia ao tentar criar obras originalmente nacionais?

Não tenho nada contra aqueles que fazem uso do nosso folclore para escrever suas histórias (Monteiro Lobato é um exemplo bem sucedido de escritor que usou o folclore Brasileiro para criar histórias maravilhosas), mas também acho errado aqueles que dizem que escrever sobre Orcs, elfos etc.. é simplesmente cópiar Tolkien ou que "O Brasil não teve uma época medieval, não faz sentido escrever sobre isso"

Se formos analisar esse argumento, os EUA também não tiveram uma idade média e no entanto este é um movimento que possui força por lá. São incontáveis os grupos de recriação medieval (SCA, Nero, Dragohir) que não se preocupam com esses detalhes técnicos ao criarem suas histórias.
Vale lembrar também que os maiores escritores de fantasia estão nos EUA (Margareth Weiss, Tracy Hickman, R.A Salvatore) e que seu folclore e história nunca os impediu de escrever sobre a idade média fantástica.

Lembro de uma ocasião quando li um livro de fantasia baseado no folclore Brasileiro e me foi pedido que desse uma opinião sincera se aquele livro deveria ser ou não publicado. Ao ler a história eu a achei péssima O autor utilizava do folclore para escrever sua história mas nem por isso foi capaz de prender minha atenção. Li até o final por pura obrigação e dei minha opinião. Tempos depois o livro veio a ser publicado e até onde sei nçao vendeu quantidades muito expressivas, mas isso é outra história. .

É claro que essa pode ser apenas a minha opinião e que talvez eu esteja sendo muito crítico aqueles que escrevem o que chamam de "fantasia nacional", mas acredito que o que faz uma boa história de fantasia não é qual cultura você usa para basear seu mundo, mas sim a forma como você cria a trama, como faz que seu leitor se identifique com o personagem. Se você criar um personagem que pareça alguém que você conheceria, alguém com quem gostaria de passar algumas horas então o papel esta cumprido e você criou algo que atrai seu leitor. Espero estar fazendo isso.