Diário de bordo

Sou um escritor iniciante, cuja a maior paixão é mexer com a imaginação e as emoções das pessoas. Como um eterno viajante, passo a vida navegando por mundos imaginários e vivendo aventuras sem fim. Criei esse blog inspirado em alguns escritores profissionais que relatam seu dia a dia, suas dificuldades e experiências em criar universos fantasticos. Acompanhe-me nessa viagem, mas tenha cuidado; Uma vez que se deixe levar pela fantasia, não há mais volta.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Personagens Femininos I - Vivenciando a Personagem

Mais uma vez o Orkut me surpreende e adianta um assunto que estava preparando para tratar aqui com vocês. A comunidade Escritores de Fantasia e seus membros tem sido muito importantes para me auxiliar em levantar diversas questões sobre as dificuldades em ser um escritor.

Eis que outro dia eu vi um tópico sobre as dificuldades em criar e desenvolver personagens do sexo oposto ao autor, tópico esse que chamou minha atenção imediatamente. Particularmente eu tenho achado fascinante empreender essa viagem através do sexo feminino, escrevendo e criando personagens tão diferentes de mim mesmo.

Não é segredo que meus personagens são algumas vezes auto biográficos e outras tantas inspirados em pessoas reais. Minha personagem, Colleen, surgiu quase que por acaso e foi ganhando força na minha imaginação ao longo do tempo.

Minha primeira experiência com a Colleen foi um personagem sem compromisso em um MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game) chamado Neverwinter Nights. Nesse jogo em particular, havia um foco muito grande na interpretação da personagem, sendo que subir niveis caçando monstros a esmo eras proibido. Foram quase dois anos de sessões de jogo quase que diárias onde pude lentamente desenvolver toda a personalidade da personagem que agora existe.

Semelhante a um "workshop" feito por atores quando pretendem interpretar um determinado personagem em um filme, o jogo serviu para descobrir Colleen como um ser humano com suas qualidades e defeitos. Ali ela se revelou uma pessoa sarcástica, que abomina o luxo e os protocolos e que não admite ser inferiorizada frente aos outros. Durante esses dois anos ela tripudiou sobre cavaleiros galantes de armadura brilhante, disputou em pé de igualdade com anões beberrões quem seria capaz de beber mais sem cair (ela revelou assim que tinha alguns problemas com álcool) e por fim ainda se mostrou uma lider e companheira fiel de seus amigos de jornada, nunca tendo deixado nenhum deles para trás.

Outras pessoas e seus personagens acresceram ainda mais a personalidade dessa personagem, tornando-se também protagonistas coadjuvantes em sua história. Assim surgiu a impetuosa Lauren, mestre em armas e braço direito de Colleen e a doce e pequena Katherine, uma criança sem tempo de ter uma infância.

Esse workshop me foi fundamental para transformar Colleen de um nome em uma pessoa real e assim como foi feito com Jonathan, fez com que me apaixonasse pela oportundiade de contar sua história. É muito gratificante quando um personagem seu se torna tão intimo que lhe parece que o conhece a anos e que seria uma pessoa com quem apreciaria passar algumas horas.

segunda-feira, agosto 21, 2006

A Primeira Leitora

Uma boa surpresa tem me animado bastante a escrever nas últimas semanas, a percepção de que aparentemente meu texto tem agradado alguém.

Conheci a Valéria a pouco mais de um mês na comunidade de Escritores de Fantasia do orkut. Geminiana, Taróloga por vocação e escritora adormecida, ela chamou minha atenção quando comentou que havia escrito um livro cujo cenário era o fundo do mar. Como deve ser óbvio para qualquer um que veja esse blog, eu fiquei imediatamente interessado na história.

Trocamos scraps e e-mails e logo concordamos em trocar sinopses de nossos livros. Nunca havia passado meu trabalho para ninguém fora de meu circulo de amigos e familiares, mas como a maioria dos que receberam meu original não leram, resolvi arriscar. Sinospses lidas, interesse estabelecidos, combinamos de trocar os originais completos.

Sinceramente no inicio achei que não ia dar em nada. Estou com meu trabalho registrado na BN e percebi que não tinha nada a perder. Aproximadamente uma semana depois, a coisa começou a mudar.

Conforme havia combinado, passei a ler o original da Valéria (que estava na gaveta a mais de dez anos) e percebi como nosso estilo era parecido. Intrigas politicas, personagens fortes, estava tudo lá no papel. Li o primeiro capitulo completo e mandei minha critica. A minha maior surpresa veio no dia seguinte, quando a Valéria começou a comentar comigo pontos e detalhes do meu livro, coisa que ninguém nunca havia feito antes. Eu mal sabia, mas ela estava se tornando minha primeira leitora "anônima", sem as obrigações que muitas vezes nossos amigos sentem em não nos chatear.

Do e-mail passamos ao MSN e logo minha leitora fazia conjecturas da história, mostrava suas suspeitas, se identificava com os personagens e fazia a viagem que planejei durante quatro anos para meus futuros leitores. É dificil descrever a sensação de ter seu trabalho avaliado e ver que pelo bem ou pelo mal estava prendendo a atenção de alguém. Quando ela disse que estava gostando de tudo, admito que fiquei preocupado.

Sou inseguro quanto a meu trabalho (acredito que muitos somos) e aquilo me deixou meio desnorteado. Estaria ela sendo educada pela amizade que passamos a travar ao longo daquele tempo? Seria por conta de eu estar lendo seu livro também?
O tempo me fez descartar essas hipóteses pela forma sincera e interessada que a cada conversa ela demonstra pelo meu trabalho. Se conseguir no futuro que outras pessoas se prendam ao que escrevo como ela tem feito, terei minha missão como escritor cumprida.

Quanto ao livro dela? sem rasgação de seda, é muito interessante. Gosto das descrições do fundo do mar e de algumas soluções que achou para alocar humanos lá. Tem algumas partes confusas e umas palavras dificeis, mas já conversamos sobre esse assunto e não é nada que não possa ser reparado.

Com estilos parecidos, chegamos a cogitar de um dia escrever algo a quatro mãos, seria uma experiência interessante sem dúvida. Se Tracy Hickman encontrou em Margareth Weiss uma parceira para escrever livros conjuntos, quem sabe o que o futuro reserva.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Avançando na História

Vocês devem ter lido no post intiulado "Escrevendo com Baixa Tecnologia" apresentei uma idéia que tive para um livro ambientado muitos anos no futuro de meu mundo. Hoje estava pensando sobre isso e acabei me vendo em um grande dilema, contar uma história em uma época muito a frente da atual.

O mais curioso é que eu fui um crítico feroz dessa politica quando meu autor de cabeçeira, Frank Herbert, resolveu adotar uma mesma postura. Em sua transição do livro "Os Filhos de Duna" para "O Imperador Deus de Duna", FH avança mais de mil anos no tempo, transformando tudo aquilo que tinhamos por familiar em pó. Eu não gostei nada disso na época (e não gosto muito até hoje), mas me vejo em uma situação semelhante.

Não que escrever uma história ambientada 500 anos ou mais da atual me impeça de voltar atrás e escrever novas histórias no tempo atual, mas comecei a pensar o que acontece quando seus personagens, aqueles com quem você conversa e interage passam a se tornar histórias em seu próprio mundo. O que as gerações futuras pensarão dos lideres de hoje e como isso irá influenciar o mundo do amanhã.

Fico ansioso só em pensar a começar a escrever algo assim, em contar uma história em um mundo ao mesmo tempo tão estranho e tão familiar. Vamos ver o que acontece, quem sabe em um futuro distante algum leitor meu não publique em seu blog a mesma critica velada que fiz ao meu mestre inspirador

segunda-feira, agosto 07, 2006

Escrevendo com Baixa Tecnologia

Atualmente tenho vivido um certo dilema em minhas histórias. O contraste entre o mundo tipico da fantasia medieval e a atração por outras opções mais futuristas.

Não que esteja cogitando em colocar naves espaciais ou robôs em minhas histórias, nem tão pouco trocar a capa e espada pela armadura e o laser, mas tenho notado que cada vez mais minhas inspirações tem sido mais "renascentistas" do que "medievais"

O principal problema é que o mundo onde se passam minhas histórias não foi criado exclusivamente por mim e sim por um grupo de amigos (já falei isso antes) e nós acordamos que o limite da tecnologia bélica não chegaria até a pólvora.

O livro que estou escrevendo atualmente (com piratas no plot central) já sofre um pouco com essa "baixa tecnologia da idade média". Imagine como é escrever sobre bucaneiros e corsários atacando navios sem disparar suas armas de fogo. Como é descrever um combate sem o estrondo dos canhões e dos mosquetes?. A solução que encontrei para isso foi utilizar armas medievais (balistas e bestas) que acabam servindo a um propósito semelhante.

No entanto, esses problemas acabam propondo desafios interessantes como adaptar tecnologias mais "modernas" a esse universo. Recentemente descrevi de forma detalhada uma caixa de música mecânica que causou assombro em um dos personagens. Em uma outra ocasião desenvolvi uma espécie de "caminhão de bombeiros" que bombeava água de um rio através da força humana. Essas são tecnologias que seriam de certa forma "plausíveis" na era medieval uma vez que não exigiam nenhum elemento que eles não tivessem disponiveis a época (como plásticos ou eletricidade).

Por conta disso, tenho namorado a idéia de um quarto livro (o terceiro ja tenho em mente) que se passe alguns séculos no futuro e que envolva tecnologias um pouco mais complexas como aviões e balões. É claro que não pretendo descaracterizar o mundo que criei até aqui, sendo que tentarei criar essas tecnologias de forma a parecerem verossimeis em um universo de fantasia medieval. Ainda sim esse será um mundo bem diferente do que o nosso, como o conhecemos hoje.