Diário de bordo

Sou um escritor iniciante, cuja a maior paixão é mexer com a imaginação e as emoções das pessoas. Como um eterno viajante, passo a vida navegando por mundos imaginários e vivendo aventuras sem fim. Criei esse blog inspirado em alguns escritores profissionais que relatam seu dia a dia, suas dificuldades e experiências em criar universos fantasticos. Acompanhe-me nessa viagem, mas tenha cuidado; Uma vez que se deixe levar pela fantasia, não há mais volta.

segunda-feira, novembro 06, 2006

O Que Aprendi com o Capitão Nemo

Eis ao lado a capa do livro que terminei de ler essa semana. Estava pensando outro dia o quão era absurdo o fato de nunca ter lido Vinte Mil Léguas Submarinas sendo que sou um amante declarado do mar e das histórias de navio.

Quando criança eu já havia lido Viagem ao Centro da Terra (do mesmo Julio Verne) e me encantado com a história. Talvez seja isso que mais me surpreenda no fato de ter demorado tantos anos para ler outro clássico do "pai" da ficção cientifica.

O livro é uma verdadeira declaração de amor ao mar, mostrando o quanto ele pode ser belo, intrigante, perigoso e ao mesmo tempo uma analogia a verdadeira liberdade. Na história, três homens saem a caça de uma possivel mostro submarino que vinha aterrorizando os mares da Europa e afundando navios. No primeiro encontro com o "monstro", os três homens acabam por cair no mar e são resgatados pela tal criatura que descobrem ser na verdade um submarino. Feitos de hóspedes á força pelo tal capitão Nemo, os três se vem obrigados a acompanhar o capitão em suas aventuras submarinas enquanto este da a volta no globo por baixo das águas.

O tal capitão é sem dúvida um dos personagens mais interessantes que ja encontrei em um livro. Pouco se sabe sobre seus propósitos ou seus hábitos, e tudo se torna ainda mais misterioso ao se perceber que poderia ter deixado os três homens para morrer no mar, mas preferiu resgatá-los e dividir com eles todas as suas pesquisas, descobertas e ideais.

Mas o que verdadeiramente aprendi com o capitão Nemo surge em duas vertentes, uma literária e outra de cunho mais pessoal. No caráter literário, o livro fascina por não apresentar uma luta definida entre o bem e o mal ou mesmo por nos apresentar um herói ou cenário altamente complexo e cheio de planos. O livro conta simplesmente a viagem de três homens ao redor do globo, explorando e descobrindo suas maravilhas. Não existem guerras seculares, batalhas entre exércitos gigantescos, magos lançando magia a torto e a direito e ainda sim o livro lhe prende e encanta.

É fato que algumas das descrições excessivamente detalhadas que o autor nos oferece sobre a fauna e flora marinha algumas vezes se tornam cansativas. Muitos são os trechos onde Julio Verne, em meio a um diálogo trivial, faz com que seus personagens nos dêem uma aula sobre os mais variados assuntos, desde a biologia até a história.

Mas se pensarmos a época em que o livro foi escrito, isso se torna realmente fascinante. Em um tempo onde não exisitia televisão, rádio, internet e outros meios de comunicação de massa visuais, o autor apresenta com riqueza de detalhes tecnologias consideradas absurdas para a época e descrições tão precisas sobre os peixes que nos faz parecer que estamos vendo um documentário do Discovery Channel.

É fácil imaginar um garoto, em pleno século XIX, debruçado em sua cama a luz de velas, lendo as aventuras do capitão Nemo e sonhando com todos aqueles lugares, tecnologias e situações. O livro me ensinou que não é preciso que meus personagens estejam em combate o tempo todo e que é possivel narrar a rotina de um navio (no caso o Nautilus) de forma interessante e sem se tornar monótona. Esse aprendizado será muito útil nesse momento do livro onde tenho de explorar o dia a dia no navio comandado por minha personagem, preparando o terreno para o ápice do livro. Mesmo ela sendo uma pirata, ela não precisa passar vinte e quatro horas pilhando os mares e acho que vai ser muito interessante explorar esse lado mais comum e corriqueiro de seus dias a bordo de um navio.

Por fim, no caráter pessoal, aprendi que a perseverança e a confiança são tudo para se alcançar um sonho. Em nenhum momento da história, o capitão Nemo se deixa abater pelas adversidades, sendo que ele esta sempre certo de que seu Nautilus é capaz de vencer qualquer obstáculo. Talvez devesse, como ele, confiar mais na minha capacidade e no meu trabalho e transformar meu primeiro livro em um verdadeiro Nautilus. Minha viagem é um pouco mais curta, apenas 12.000 milhas, mas estou certo que irei conseguir chegar até o fim.

Seiscentas e quarenta dessas milhas já foram percorridas e este é apenas o começo da viagem. Que venha o resto do oceano me desafiar.