Diário de bordo

Sou um escritor iniciante, cuja a maior paixão é mexer com a imaginação e as emoções das pessoas. Como um eterno viajante, passo a vida navegando por mundos imaginários e vivendo aventuras sem fim. Criei esse blog inspirado em alguns escritores profissionais que relatam seu dia a dia, suas dificuldades e experiências em criar universos fantasticos. Acompanhe-me nessa viagem, mas tenha cuidado; Uma vez que se deixe levar pela fantasia, não há mais volta.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Dogmas Literários

Outro dia fui numa palestra com o tema: "A ficção cientifica na literatura nacional" e acabei percebendo uma coisa muito comum entre a ficção e a fantasia.

Já mencionei aqui antes as minhas reservas sobre escrever histórias onde a magia e os poderes divinos são extremamente presentes e atuantes. Não gosto de ler sobre bolas de fogo voando pelos céus a torto e a direito e nem sobre deuses disparando raios e trovões dos céus. Gosto de algo mais humano, mais fundamentado no personagem e no ambiente, deixando esses efeitos especiais para momentos de maior climax.

Eis que ao final da palestra fui discutir com um amigo sobre o que haviamos assistido e foi então que eu percebi o quanto a fantasia e a ficção cientifica podem as vezes dar um status quase divino a certas coisas.

Chamei essa questão de dogma literário, uma verdade absoluta, criada pelo autor, impedindo a contestação dessa idéia pelo leitor. O dogma literário ocorre quando o autor fornece uma explicação simples para um fenômeno complexo, justificando que uma vez que ele cria as regras de seu mundo, esse fenômeno é uma verdade, um dogma.

Se eu lhes apresento em meus livros um cavalo falante, voador e que além de tudo fica invisivel, você leitor sabiamente irá me dizer: "Mas cavalos não fazem nada disso" e eu ainda mais sabiamente irei justificar "não fazem realmente, mas este é um cavalo mágico". Neste momento, a argumentação acaba.

Isso na fantasia é um recurso amplamente usado (as vezes exagerado) e que pode ser facilmente justificavel por elementos inexistentes em nossa realidade (como a magia), mas por incrivel que pareça, isso também funciona muito bem na ficção cientifica.

Citando o filme De Volta para o Futuro (Back to the Future - 1985), o Dr Emet Brown nos informa em poucos segundos que a viagem no tempo só é possivel graças a um dispositivo chamado capacitor de fluxo. O tal capacitor ignora toda e qualquer lei vigente da fisica, sendo apenas um par de luzes coloridas que nos convence de sua capacidade. Ou seja, bastou um cientista dizer que essa ciência é capaz de fazer o que promete e já estamos convencidos de sua importância.

Tudo bem, depois da aula de ciências você se pergunta: "E dai, por que isso é importante?". A questão é que o dogma literário é muitas vezes um recurso usado quando um autor desconhece um determinado assunto a fundo e se agarra ao dogma com unhas e dentes para não ter de dar explicações mais detalhadas. Esse recuros é sem dúvida uma faca de dois gumes, podendo ser usado para o bem ou para o mal. Existem duas formas de se fazer um navio voar, eu posso criar um sistema de balões que o sustentem e colocar alguns magos que criam ventos para impulsionar suas velas ou posso simplesmente dizer que ele é mágico. Particularmente prefiro a primeira opção

1 Comments:

Blogger Ana said...

Tem toda razão, Claudio. Assim como a Ciência, a Magia tem princípios que muitas vezes estão estritamente ligados às leis químicas e físicas. Não dá para ignorá-las, embora, é claro, quem escreve FC precise ser bem mais estrito nesse ponto.

No livro 1 da minha trilogia, narrado por alguém que presencia vários encantos (mas que não é uma maga), eu informo que todos os aprendizes da Escola de Magia têm que conhecer a Natureza - conhecer a alma das coisas - para depois poder exercer sua influência sobre elas. Eu acho que é mais ou menos por aí.

Boa semana!

11:46 AM  

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