Piratas a Deriva
Quando comecei a escrever meu segundo livro, meus planos eram ambiciosos. Eu deveria trabalhar insistentemente para terminá-lo até o final do ano afim de aproveitar o lançamento de Piratas do Caribe III no ano que vem. Não foi o que aconteceu!
Como sempre o conceito para o livro era vago e deveria ir se desenvolvendo ao longo da trama. Seguindo o modelo do "Pelo Sangue e Pela Fé" eu dividi a história em três "livros" ( o nome que dou aos "capitulos" que dividem minha história). O primeiro "livro" deveria tratar da adolescência de Colleen, sua rebeldia frente a seu pai e como ela viria a se tornar uma pirata. O segundo seria suas aventuras propriamente ditas enquanto que o terceiro seria a conclusão da história com um climax que ainda não defini ao certo.
O primeiro "livro", aquele que prepararia o cenário para o resto da trama correu relativamente de forma tranquila e fluída, com poucos percalços ao longo do caminho. Terminado o primeiro livro era chegada a hora de escrever sobre as aventuras no navio, a parte que eu esperava a meses para poder trabalhar. Eis que nesse momento os ventos da minha imaginação cessaram, as velas desenfunaram e meus pobres piratas ficaram a deriva.
É claro que o novo emprego trouxe novos elementos a essa equação, mas desde que comecei na Fnac não tenho conseguido escrever uma linha sequer do novo livro. O que falta a meu ver é tornar os personagens secundários (a tripulação em si) mais viva e humana e não apenas um bando de nomes ou personagens que desempenham seu papel e desaparecem.
Outra questão crucial é também a chamada "rotina de bordo". É fato consumado pela história que o dia a dia no mar podia ser bastante repetitivo e tedioso e se isso era verdade na vida real, o que podemos dizer disso na literatura. Estou ciente que não posso envolver Colleen em uma batalha atrás da outra pois além de irreal, tornaria a história igualmente massante.
É verdade também que minhas pesquisas me deram boas idéias, mas ainda sim tenho dúvidas de como tornar essa vida no mar interessante para você leitor. Mais do que nunca eu tenho certeza de que minha tripulação plana e sem sal precisa de um pouco de tempero. Assim que deixarem de ser feitos de papel e se tornarem personagens de carne e osso sei que posso explorar seus conflitos internos, desejos e medos e quem sabe criar algo inesperado.
Sei que Colleen está triste comigo pelo abandono, mas sei também que entende que se parei é porque desejo para ela a mais fantástica das aventuras. Eu a adoro e ela merece um futuro promissor, o mesmo futuro que um dia se convertera em um passado glorioso e fonte de inspiração para personagens de gerações futuras.