No último post a respeito do ritual de preparação para cada vez que me sento para escrever, vocês devem se lembrar que uma das músicas que coloco para começar a me inspirar é o tema do filme A História sem Fim.
Eu nunca falei sobre isso muito abertamente, mas posso dizer que esse filme influenciou em muito a minha infância e meu gosto por criar mundos e escrever histórias.
Para quem é muito novo (ou muito velho) para se lembrar desse filme, ele conta a história de Bastian, um garoto comum que era atormentado por seus colegas de escola. Um dia ele entra em uma livraria e rouba um estranho livro de capa de couro, correndo para o porão de sua escola para lê-lo. Ali ele descobre o mundo de Fantasia, um mundo mágico que esta sendo destruido por uma força devastadora, o Nada!
Aqui vai um grande spoiler do filme que se faz necessário para que entendam o sentido desse post. Em dado momento, após acompanhar as aventuras de Atreyu em busca da cura para o Nada, Bastian se da conta que somente ele é capaz de salvar o mundo da destruição (uma vez que o Nada é, na verdade, o afastamento gradual das pessoas modernas da fantasia e dos sonhos). No final apenas um único grão de areia resta de Fantasia e cabe a Bastian usar esse novo poder para reconstruir fantasia da forma como ele sonhasse.
Naquele momento tudo o que eu queria era estar no lugar dele. Ter o poder de criar um mundo completamente novo e ainda se vingar de seus malvados colegas de escola (eu tinha um problema parecido, talvez por isso tenha me identificado com ele).
Acho que a partir daquele dia, mesmo que em meu subconsciente, eu iniciei minha própria jornada para derrotar o Nada. Coloquei o Auryn em meu pescoço e comecei a criar minha própria Fantasia aonde as pessoas pudessem resgatar seus sonhos e sua infância.
O grande prazer que sinto em escrever é ver como algumas pessoas reagem aquilo que crio, como uma história ou uma cena podem resgatar e capturar a imaginação, fazendo do leitor (assim como Bastian) parte da história.
A luta contra o Nada é desigual uma vez que as pessoas estão cada dia mais apressadas, cada dia mais corporativadas e mais conformadas que o mais importante é ganhar muito a qualquer custo. Enquanto eu puder escrever e enquanto as pessoas se interessarem em ler o que escrevo, a batalha para mim, não estará perdida.